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quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

O que é Teologia e o que é Ser Teólogo?





 
O termo “Teologia”, tal qual conhecemos, não se encontram explicitamente nas Sagradas Escrituras. Originalmente, deriva de dois substantivos  gregos: Theós[1], que significa Deus; e logia[2], que significa “oráculo”, “dito”, “fala”, “declaração” ou “tratado” (1 Pe 4.11). Assim, Teologia é a ciência que estuda os discursos ou tratados sobre Deus e fatos a Ele relacionados. Tomando emprestado as palavras de Chafer, podemos afirmar que a Teologia é uma “Theologia” ou o discurso que se faz sobre Deus.[3]
Não obstante, o vocábulo teologia não ser visivelmente encontrado nas Escrituras, não deixa, contudo de ser correspondente a e-las. Em Romanos 3.2, o Apostolo Paulo trata da palavra inspirada de Deus, chamando-a de oráculos de Deus (ARA)[4]. O apóstolo Pedro também se refere aos oráculos de Deus: “Se alguém fala, fale de acordo com os oráculos de Deus (…)” (1 Pe 4.11).
Desta forma, o “teólogo” é aquele que fala de Deus, que fala a Deus e é, também, aquele a quem Deus fala. Gingrinch e Danker definem o teólogo como “alguém que fala de Deus ou de coisas divinas”[5].
Sua função se confunde, nesse aspecto, com a do profeta no Antigo Testamento: por meio da revelação divina recebe a mensagem direta de Deus e a transmite aos homens. Por isso, como afirma Railey e Aker, “a boa teologia é escrita por aqueles que tomam o devido cuidado em deixar que suas perspectivas sejam moldadas pela revelação bíblica.”[6]
A partir destes conceitos podemos compreender que a Teologia deve ser aceita pela igreja, por se tratar da explanação da Palavra de Deus, e que o teólogo não é um indivíduo que se tranca em seus gabinete e “inventa” conceitos baratos inacessíveis aos “pobres mortais”, ao contrário, é um profeta que entra na presença de Deus, discerne a Sua voz e a transmite aos homens, tal como a recebeu. O teólogo esta com o rebanho, e não distante dele. Pois como afirma Paul Tillich: “O teólogo como função na igreja, deve servir às necessidades desta igreja”. Isto significa que a função básica do teólogo é ser útil a esta igreja em sua edificação doutrinária. Entretanto, o mesmo deve ter o cuidado de não olvidar-se das verdades bíblicas em detrimento das “vontades” da igreja. Além disso, “não pode haver nenhuma diferença básica entre a verdade que a comunidade cristã conhece através do Espírito Santo que nela habita, e a que é expressada nas escrituras”.[7] Daí a importância do ensino teológico e da função teológica na igreja.
Segundo os preceitos de Efésios 4.11-13, percebemos que o dom de mestre é um dom que Cristo concedeu a igreja para o aperfeiçoamento dos santos. Numa exegese radical do texto poderíamos afirmar que o Senhor não dá apenas dons ministeriais, mas ministros com dons, ou seja, o próprio Cristo é quem dá “mestres” a Sua igreja.
Sem o ensino teológico e a função do mestre, não pode existir liderança eficaz de enfrentar os problemas teológicos e espirituais da pós-modernidade. Sem ensino teológico não poderá existir cristãos fiéis, maduros, capacitados para toda a boa obra!



By Bispo Eduardo Rodrigues
IBT





[1] No grego Θεὀς, “Deus” ou “deus”. O grego do Novo Testamento não difere pelo uso da letra theta maiúscula (Θ) ou minúscula (θ) a que divindade o texto de refere, usando o “θ” minúsculo para referir-se tanto ao verdadeiro Deus quanto aos deuses falsos. Os tradutores da Bíblia, subsidiados pelo contexto, é que traduzem [interpretam] as referencias a qualquer uma das pessoas da Santíssima Trindade com o “Θ” maiúsculo, enquanto em minúsculo referem-se a uma divindade falsa ou pagã como em Atos 7.43 [deus Renfã], ou no versículo 32 [Deus de Abraão].
[2]  Λόγος (logos), palavra, declaração, assunto sob discussão, etc. Cf. GINGRICH, F. Wilbur; DANKER, Frederick W. Léxico do N.T: grego/português. São Paulo: Vida Nova, 1991, p. 97. Em Lc 4.32, logos é traduzido como “palavra de ensino” (Jo 4.41). Temos também a palavra λόγια (logia) que significa “Escritura” e, no gregpo clássico, significa qualquer declaração divina. Cf. RIENECKER F.; ROGERS C. Chave Linguística do Novo Testamento Grego. São Paulo: Vida Nova, 1995. P.566.
[3] Cf. CHAFER, Lewis Sperry. Teologia Sistemática. São Paulo: Hagnos, 2003. Livro 1, v1 e 2 (Prologômenos, Bibliologia, Teontologia), p. 47.
[4]  No grego: “ta logia tou Theou” [τά λόγια τον θεοῠ], traduzido pela ECA, ARC, NVI e trinitariana por “Palavra de Deus” e pela TEB, por “Revelação de Deus”. No termo grego aparasse tanto logia quanto theou (teologia).
[5]  Θεολóγος (teologo), alguém que fala de Deus ou de coisas divinas. Cf. GINGRICH, F. Wilbur; DANKER, Frederick W. Léxico do N.T: grego/português. São Paulo: Vida Nova, 1984. P. 127. Se o termo grego Θεολóγος (theologos) ou teólogo, for usado de maneira activa como indica o seu acento, se refere à pessoa que fala em nome de Deus; mas quando usado passivamente, refere-se àquele a quem Deus fala. Está óbvio que esses dois conceitos fazem parte do uso aceito do termo teólogo. Cf. CHAFER, Lewis Sperry. Teologia Sistemática. São Paulo: Hagnos, 2003. Livro 1, v1 e 2 (Prologômenos, Bibliologia, Teontologia), p. 43.
[6] RAILEY, James H.; AKER, Benny C. Fundamentos teológicos. In: HOR-TON, Stanley M. (ed). Teologia Sistemática: Uma perspective Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1996. P.43.
[7] WILLIAMS, J. Rodman. Renewal theology. Grand Rapids: Zondervan Publishing House, 1988. V. 1, p. 22-3. Apud: RAILEY, James H.; AKER, Benny C. Fundamentos teológicos. In: HORTON, Stanley M. (ed). Teologia Sistemática: Uma perspective Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1996. P.44.

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